Para refletir...
Sobre reis, príncipes e princesas
Reis, eram descendentes de famílias nobres que desde a mais tenra
infância eram preparados para assumir, em algum momento, o trono. Se
julgavam instituídos de poder por Deus, portanto, Seu representante
direto. Alguns afirmavam até, ser o próprio Deus na Terra, justificando
assim suas extravagâncias e atrocidades.
Apesar dos excessos, penso que há um pouco de verdade nisso tudo.
Todos nós nascemos príncipes e princesas. Somos nobres aos olhos de
Deus. O preço pago por nós foi altíssimo. Fomos comprados pelo Sangue
Precioso de Jesus.
A grande maioria de nós, como nobres que somos, vai um dia assumir seu
trono. Encontrará outro nobre, e juntos construirão seu reino, seu lar,
através do Sacramento do Matrimônio.
Diferentemente do que acontecia na Idade Média, atualmente os casamentos
não são arranjados pelos pais, e isso deu mais liberdade aos príncipes e
princesas de todo o mundo.
Mas essa liberdade é perigosa.
Queremos encontrar nosso príncipe encantado ou salvar a princesa da
torre do castelo, rápido demais. Nos atiramos nos braços do primeiro
cavaleiro que passa pelo nosso castelo, achando que ele é aquele
destemido guerreiro que será nosso herói, sem ao menos olhar se seu
cavalo é realmente branco, ou se sua capa é azul. Escalamos torres em
todas as esquinas, despertando aos beijos princesas adormecidas, sem ao
menos notar se são realmente belas, sem conhecer sua história, sem saber
se dormem por uma maçã ou por ter espetado o dedo.
E, com isso, vamos deixando de ser nobres, pois, nobre, é aquilo que é
raro, especial, diferente. E nessa confusão de pretendentes vamos nos
tornando comuns, camponeses, escravos.
Então, surgem dois outros personagens: as bruxas e os sapos (que fique
bem claro que bruxas não são necessariamente princesas e sapos não são
necessariamente príncipes). Eles são muito parecidos. Ambos já
experimentaram o amor e se decepcionaram com ele.
As bruxas, decidiram “curtir a vida”. Amaram, não foram correspondidas e
agora não querem corresponder ao amor de ninguém. Na maioria das vezes,
ainda amam seu primeiro príncipe e esperam que um dia ele perceba que
foram feitos um para o outro. Enquanto isso não acontece, amarguradas,
vão entregando diferentes frascos de poções do amor a novos príncipes
que, ao beber seu líquido, descobrem se tratar na verdade de um feitiço.
Os sapos, são aqueles que beberam os feitiços pensando estar tomando a
poção do amor. Diante da decepção causada pelo fracasso, se esconderam
no fundo de uma lagoa. Não querem curtir a vida. Preferem esperar que
uma princesa apareça pelas redondezas e deixe sua bolinha cair na lagoa,
para que num ato de heroísmo, possa devolver o pertence e cobrar a
dívida com um beijo que quebraria o feitiço.
Assim como as bruxas, os sapos tem uma dificuldade muito grande de
lembrar que na verdade são nobres, que já foram um dia príncipes ou
princesas, pois ficaram presos na sua nova imagem refletida na lagoa ou
no espelho mágico.
É importante lembrar que nem todos os príncipes e princesas se tornam
bruxas ou sapos, mas, infelizmente isso é raro nos tempos atuais.
O interessante, e o mais importante, é o que não está escrito nas histórias infantis. O personagem principal não apareceu ainda.
Em algum momento da vida, seja no castelo, na masmorra ou no fundo da
lagoa, sapos, bruxas, príncipes ou princesas, se ajoelham, na maioria
das vezes em meio as lágrimas que rolam, fecham os olhos e clamam por
Salvação. Eis que surge diretamente do céu uma luz, que se direciona aos
corações e Deus, o protagonista da história, diz que não importa se
você se tornou sapo ou bruxa, se pela sua trajetória passaram muitos
príncipes ou princesas, ou até mesmo se não passou ninguém.
O que importa, é que você foi feito nobre. Comprado por um preço altíssimo, lembra?
Se por acaso uma madrasta cruel, chamada vida, lhe transformou em gata
borralheira, na oração, Deus vai até você e lhe entrega o sapatinho de
cristal, para que, reconciliado com sua realidade nobre, você possa
encontrar seu príncipe ou resgatar sua princesa, e serem juntos, na
oração, felizes para sempre.
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